Mais do que um piloto...um Aviador - O último voo comercial do Comandante Timóteo

Há pessoas que se tornam parte da história das coisas.

No Aeroporto da Madeira não será para mim, exagero algum, dizer que Timóteo Costa é um desses casos.

O comandante Timóteo é aquilo que se chama um aviador de mão larga. 47 anos a voar, um total de 25500 horas de voo - o equivalente a três anos ininterruptos no ar, sem vir ao chão. É curriculo, é. Ninguém diga o contrário...

Timóteo Costa é, segundo já se disse, o recordista de aterragens no LPMA com oito mil feitas. Não duvido. Como também, e sem querer desrespeitar seja quem for, não duvido que, aquando do famoso bird-strike de 20 de Junho de 2011, foi o facto de o Comandante Timóteo estar sentado no left-hand seat do cockpit do CS-TKJ que fez grande parte da diferença entre uma recuperação à pista, difícil mas com sucesso e o acidente trágico que ainda esteve à espreita. E hoje há mais de uma centena de pessoas que estão vivas, graças a isso.

Aviador de vocação e instinto (tal como me foi definido por um dos seus pares), conhecedor como ninguém deste LPMA, por vezes complicado. Homem simples, frontal e de piada pronta com uma vida rica e uma experiência invejável, há anos e anos que se tornou parte deste aeroporto, quer no seu trabalho como piloto de linha aérea (na Air Columbus e na SATA) quer na sua actividade no Aeroclube da Madeira, do qual é e sempre foi parte da alma do sítio. Nos aviões do ACM passaram por ele gerações de jovens, muitos dos quais, com ele, aprenderam a pilotar. Desses não serão poucos os que, hoje, voam em linha aérea, sentados, quer num lado quer noutro de cockpits de Boeings e Airbuses.

O Comandante Timóteo Costa realizou, hoje, o seu último voo comercial em linha fazendo um JER-FNC, o RZO9641 aos comandos do A320-214 CS-TKJ. Á chegada, ao início da tarde, entrou pela RWY05 não sem antes ter dado uma volta à Ilha da Madeira e fazendo a aproximação vindo do Funchal. Na placa teve direito a banho dos bombeiros e a uma saudação especial por parte de muitos que o aguardavam. E ainda teve a graça de taxiar aos zigue-zagues para alegria da malta. E, quando saiu do Kilo-Juliet, o atavio do Senhor Comandante era bom indício da consideração e carinho que os seus colegas, por ele têm...

Hoje foi o dia em que uma longa carreira de piloto de linha aérea chegou ao termo. Termo ditado por um limite formal de idade não pelo fim da garra. Aliás basta olhar trinta segundos para o Comandante Timóteo junto a um avião para perceber que, no tocante a aviões, aviação e voar, o homem não fica por aqui. Nada disso. Longe disso. A milhas disso...

As maiores felicidades. É o que lhe desejo.

E um grande abraço!